Os participantes seguravam cartazes com os dizeres: "Justiça para Herus. Favelado não é bandido". Adolescentes que participaram da apresentação de quadrilhas durante a festa exibiram as camisas manchadas de sangue. Religiosos da comunidade também participaram do protesto e fizeram uma roda de oração pedindo paz e proteção para a população local.
"Eu perguntei a eles: 'Por que vocês estão fazendo isso? Tem um monte de criança aqui!' Eu estava vestido de Virgulino. Eu abri os braços e perguntei: 'Vocês vão me dar um tiro também?'. Jogaram uma bomba de gás lacrimogêneo em cima de mim. Eles sabem que estão errados. Tentaram conversar comigo e me acalmar e eu falei que aquilo ali era uma vergonha. Essa festa estava sendo anunciada há mais de um mês. Todo mundo sabia. É uma festa que há mais de 40 anos existe aqui".
O Ministério da Igualdade Racial vai enviar ofícios às autoridades do estado e aos órgãos de controle para que "as razões e os efeitos da operação sejam apresentados". Pelas redes sociais, a ministra Anielle Franco classificou o caso como "revoltante e desesperador" e prestou solidariedade às famílias de Herus e dos feridos:
"Um jovem morreu e várias pessoas ficaram feridas por uma política de segurança pública que não respeita a vida daqueles que moram e residem em favelas e periferias".
A ministra de Direitos Humanos, Macaé Evaristo, também se posicionou sobre o ocorrido.
"Segurança pública não pode ser sinônimo de medo, é um direito de todos. Os direitos à cultura e à vida devem ser assegurados, independentemente do CEP", publicou em seus perfis.
O Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro também divulgou nota de repúdio ao episódio.
"Não se justifica uma operação policial durante plena festa junina, com a presença de crianças e adolescentes. A proteção à criança e adolescente é obrigação do Estado, não sendo aceitável que o enfrentamento ao crime organizado ponha em risco exatamente aqueles que temos a obrigação primária de proteger."
O caso também está sendo acompanhado pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do estado.
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro manifestou "profundo pesar" pelos acontecimentos e se solidarizou com os familiares das vítimas, com os feridos e toda a comunidade.
"O MPRJ destaca o seu comprometimento com a independência, a apuração dos fatos e com o exercício do controle externo da atividade policial. Para tanto, acompanha o caso desde os primeiros momentos, a fim de buscar as providências cabíveis e responsabilização de quem é de direito", declarou o órgão em nota.