As ações vão ocorrer nas cinco regiões do país, unindo artistas, ativistas e sociedade civil organizada sob o lema: “50 dias para a COP, 50 milhões de hectares a serem protegidos”. O movimento também enviará ofícios aos governadores da Amazônia Legal solicitando audiências para apresentar propostas de gestão das florestas.
“Proteger a Amazônia é uma das maiores contribuições que o Brasil pode fazer pelo futuro do planeta. Esse território contribui muito para a justiça climática e o balanço climático do mundo.”
Em Belém, cidade-sede da COP30, estão previstas 64 atividades, incluindo oficinas de remédios naturais, cineclubes, rodas de conversa e apresentações culturais. A chef indígena Tainá Marajoara lidera um manifesto em defesa da cultura alimentar amazônica, enquanto coletivos como o Chibé promovem debates sobre mudanças climáticas em feiras e espaços públicos.
No Sudeste e Sul, a programação inclui a Feira Onça, em Magé (RJ), que reúne economia popular e debate climático, e atividades em Porto Alegre (RS), onde o coletivo SOS Floresta do Sabará atua na defesa de áreas de Mata Atlântica remanescentes após as enchentes de 2024.
O movimento também articula o Projeto de Lei de Iniciativa Popular Amazônia de Pé, que já reuniu mais de 300 mil assinaturas físicas e precisa alcançar 1,5 milhão para começar a tramitar no Congresso. A proposta busca dar destinação legal às FPNDs, alvo frequente de desmatamento, queimadas, grilagem e garimpo.
“As áreas destinadas para povos indígenas e quilombolas são as que menos têm incidência de crimes ambientais. Se a gente quer que o Brasil continue caminhando para um desenvolvimento econômico e social, promovendo justiça social, precisa destinar essas florestas para quem sempre as protegeu. E, assim, garantir que esse bem que é de todos fique de pé e continue por gerações promovendo uma vida melhor para todos”, disse Catarina.
Dados recentes do Observatório das Florestas Públicas mostram que, entre janeiro e julho de 2025, 262,5 mil hectares foram desmatados na Amazônia, 25% deles em FPNDs. No mesmo período, 59,7 mil hectares dessas áreas foram atingidos por queimadas – três quartos em terras federais. O Pará concentrou 59% das áreas destruídas pelo fogo.
De acordo com especialistas, as FPNDs podem armazenar até 5 bilhões de toneladas de carbono. Se destruídas, podem liberar 19 bilhões de toneladas de CO₂, o equivalente a 51% das emissões globais estimadas para 2024.
Para a gestora de Comunicação e Mobilização da Amazônia de Pé, engajar a sociedade a proteger a Amazônia é inspirar o ativismo mais amplo em defesa de todos os biomas do país.
“Eu quero a Amazônia de pé, mas eu também quero a Caatinga de pé, o Cerrado de pé. Entender essa interdependência entre os biomas é fundamental. Assim como eles estão super conectados, nós seres humanos também estamos com a natureza. Muitas pessoas que se aproximaram do movimento, conseguiram entender melhor o seu próprio território e conseguiram também se conectar com o seu chão, retomar sua ancestralidade, retomar a sua cultura”, disse Catarina.