BRASIL – O Brasil registrou em 2024 o maior número de pedidos de demissão já registrado: quase 8,5 milhões de trabalhadores optaram por deixar seus empregos ao longo do ano. O fenômeno reflete o aquecimento da economia, mudanças culturais no comportamento dos profissionais e, segundo alguns especialistas, a influência de programas sociais que têm sido alvo de críticas em setores produtivos.
O mercado de bares e restaurantes é um dos mais impactados. As características das vagas, como horários rígidos, trabalho aos finais de semana e turnos até tarde da noite, tornam difícil atrair e reter funcionários em um cenário de alta oferta de empregos. Além disso, outros setores da economia também relatam dificuldades diante da busca por melhores condições de trabalho e salários mais atrativos.
No entanto, há uma preocupação crescente com outro fator que pode estar influenciando o recorde de pedidos de demissão: a expansão dos programas sociais. Críticos apontam que uma parcela dos trabalhadores tem optado por deixar o mercado formal para depender do auxílio governamental, o que pode gerar uma cultura de comodismo e afetar diretamente setores que precisam de mão de obra qualificada e comprometida.
Alguns analistas indicam que os benefícios sociais podem estar sendo vistos como uma alternativa viável ao trabalho formal, especialmente em áreas onde os salários são baixos e as exigências são altas. Isso levanta a necessidade de reavaliar tanto os programas sociais quanto as condições oferecidas pelas empresas.
Por outro lado, especialistas em comportamento profissional destacam que a decisão de pedir demissão tem sido mais motivada por mudanças culturais, especialmente entre os jovens. A busca por equilíbrio entre vida pessoal e profissional, flexibilidade e propósito tem sido cada vez mais valorizada pelos trabalhadores, mesmo que isso signifique arriscar mais no mercado.
Diante do recorde de demissões, o desafio para o governo e as empresas será equilibrar políticas públicas que garantam a proteção social sem desestimular o trabalho formal, enquanto o setor produtivo busca estratégias para reter talentos em um mercado altamente competitivo.