Reprodução Todos os anos, entre o final de novembro e o princípio de dezembro, a Igreja celebra o tempo do advento. A palavra “Advento” é um termo que vem da língua latina, adventus, que significa chegada, proximidade ou vinda. Constitui-se num período de quatro semanas, que antecedem o Natal, dando início a mais um Ano Litúrgico na Igreja Católica. Para a prática dos cristãos, é um tempo de preparação, de reflexão, de muita alegria, num clima de expectativa, para o nascimento de Jesus Cristo. Uma festa importante como esta, exige e merece uma preparação adequada pois o nascimento de Jesus muda a história humana oferecendo a opção de uma nova realidade.
Durante este período, há um símbolo que ocupa lugar de destaque junto ao altar das Igrejas: é a coroa do Advento. Nela estão quatro velas que apontam para as quatro palavras principais deste rico tempo: esperança, paz, alegria e amor. Palavras muito pertinentes no tempo desafiador em que vivemos.
A origem desse tempo apoia-se no mistério da encarnação do Senhor, na Pessoa de Jesus Cristo, Filho de Deus. É a consolidação das palavras dos profetas do Antigo Testamento, ao apresentar Jesus, ainda como “figura”, a se transformar em acontecimento. Basta citar as palavras de Isaías: “Eis que a jovem conceberá e dará à luz um filho e lhe porá o nome de Emanuel” (Is 7,14).
Advento é tempo de
esperança, de reconstrução da história do povo de Deus, como aconteceu na volta dos exilados na Babilônia para a terra da promessa, Jerusalém, na Palestina. O libertador do povo de Deus das garras do imperador babilônico foi Ciro, rei da Pérsia, (cf. Is 45,13), mas agora o libertador definitivo é Cristo, que nasce numa manjedoura de Belém, local improvisado para o seu nascimento pois Maria e José, seus pais, não encontraram um lugar para hospedagem (cf. Lc 2,7).
O povo esperava uma intervenção divina diante das mazelas que viviam e nesse tempo de espera, nasce Cristo, Deus feito Homem, como semente da descendência de Davi e cumprimento da profecia antiga e da fidelidade de Deus em fazer justiça com o povo. O Menino Jesus é a chegada do Reino de Deus, Reino do céu, presente na terra, com o objetivo de fazer o bem. Agora é o peregrinar da Igreja para progredir na edificação desse Reino, eterno, mas em construção.
O Reino advindo é concretização do amor, proclamado pelo apóstolo Paulo, na expressão: “Quanto a vós, o Senhor vos faça crescer abundantemente no
amor de uns para com os outros e para com todos, à semelhança de nosso amor para convosco” (1 Ts 3,12). Foi para isto que o Senhor enviou Jesus. O que Ele fez foi organizar a Igreja em comunidade, espaço de convivência e amor.
O grande significado da história cristã é a presença de Deus na vida humana, tanto no longínquo passado quanto nas turbulências do presente. Agora é tempo de vigilância diuturna, porque a força do mal tem a teimosia de querer dominar o bem, inclusive influenciando as pessoas para fugirem das próprias responsabilidades e de serem insensíveis diante daquilo que defende a dignidade da vida.
Somos hoje os anunciadores de um tempo novo, sempre presente e possível, tendo como base o apelo do advento: paz, amor, alegria e esperança. Enquanto o mundo mergulha cada vez mais em um consumismo exagerado com a propaganda massificada que apresenta a razão de viver no comprar e comer, teimamos em repetir que o verdadeiro natal é a gente encontrar nas coisas simples da vida, o sentido para um verdadeiro natal onde cada ser humano possa viver e ser feliz. Nunca esqueçamos que uma criança frágil e pobre foi a origem deste novo tempo, sempre novo porque renova a vida.
O contexto social em que vivemos tem potencial para nos roubar a esperança. Caminhar é preciso, de esperança em esperança. Celebrar o Natal é reacender a chama da esperança implícita em cada ser humano e possível de ser reativada quando procuramos na simplicidade de uma gruta uma criança rodeada de um casal de fé e de pastores que descobriram um Deus que se comunica em atos corriqueiros e simples da vida. Feliz Advento!
Pe. Clésio Alves Vieira