30/05/2025 às 20h12min - Atualizada em 30/05/2025 às 20h12min

Três Festas, Um Só Mistério: Ascensão, Pentecostes e Corpus Christi

Pe Clésio Alves Vieira

Pe Clésio Alves Vieira

Pároco da Paróquia Nossa Senhora do Rosário em Quatis

Sem dúvida, o tempo pascal é riquíssimo em celebrações que nos ajudam a mergulhar mais profundamente no mistério da nossa fé. Três grandes festas marcam esse caminho: a Ascensão do Senhor, Pentecostes e Corpus Christi. Embora distintas, elas estão profundamente conectadas e revelam a continuidade do plano de Deus para a salvação da humanidade.

 

Começamos o mês de junho com uma festa importante: a Ascensão do Senhor, a glória do Cristo exaltado. Esta solenidade é celebrada quarenta dias após a Ressurreição de Jesus (cf. At 1,9-11). Jesus, tendo vencido a morte, retorna ao Pai — não para se ausentar da humanidade, mas para abrir o caminho para todos nós no céu. A Ascensão não é uma despedida, mas um envio: Jesus promete o Espírito Santo e confia aos discípulos a missão de evangelizar o mundo. “Ide, pois, e fazei discípulos todos os povos” (Mt 28,19). Essa celebração nos recorda que a nossa fé é dinâmica e missionária. Jesus sobe aos céus, mas continua presente na Igreja e nos sacramentos. A Igreja é incumbida de continuar a missão d’Ele.

 

No dia 8 de junho, celebramos solenemente o dia de Pentecostes: o Espírito Santo e o nascimento da Igreja. Alguns dias após a Ascensão, a Igreja celebra esta festa tão importante quanto o Natal e a Ressurreição do Senhor, pois comemora a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos e Maria (cf. At 2,1-4). É o cumprimento da promessa de Jesus. O Espírito transforma os discípulos medrosos em anunciadores corajosos do Evangelho. Ali nasce a Igreja, viva e movida pelo Espírito. O que seria daquele grupo se não houvesse o cumprimento da promessa de Jesus? A vinda do Espírito Santo impulsionou os primeiros discípulos a irem pelo mundo e espalharem a Boa Nova. Começa, então, um novo tempo no projeto de Deus: agora, a Igreja deve continuar a missão iniciada por Jesus. “Recebereis o poder do Espírito Santo, que descerá sobre vós, para serdes minhas testemunhas” (At 1,8). Pentecostes nos convida a abrir o coração à ação do Espírito, permitindo que Ele renove em nós os dons recebidos no batismo e na crisma. Sem o Espírito, não há evangelização verdadeira, nem vida cristã autêntica.

 

E no dia 19 de junho, vamos celebrar uma festa muito tradicional na Igreja: Corpus Christi, o Cristo vivo na Eucaristia. Após experimentar a presença gloriosa do Cristo Ressuscitado e o fogo do Espírito Santo, a Igreja celebra Corpus Christi, a presença real de Jesus na Eucaristia. Essa solenidade nos recorda que o mesmo Cristo que subiu ao céu e enviou o Espírito Santo permanece conosco no pão consagrado. “Isto é o meu corpo, que é dado por vós” (Lc 22,19). Corpus Christi é a festa do amor que se faz alimento, do Deus que permanece conosco de forma visível e sensível. Ao adorarmos o Santíssimo Sacramento, somos convidados a renovar nossa fé na Eucaristia como centro da vida cristã e fonte de unidade da Igreja.

 

No Brasil, o povo prepara uma festa bonita, colorida e muito evangelizadora. Em quase todas as cidades do país, os fiéis passam a madrugada e a manhã da quinta-feira enfeitando as ruas por onde passará o Santíssimo — o pão eucarístico, alimento para a fé. É um momento de manifestação da fé, mas também de organização do povo que deseja participar do anúncio do Senhor que caminha entre o seu povo. Um momento de avivamento da fé e de declaração de amor ao Senhor Ressuscitado, que estará para sempre no meio do seu povo (cf. Mt 28,20).

 

Ascensão, Pentecostes e Corpus Christi não são apenas datas no calendário: são etapas de um mesmo caminho espiritual. Cristo sobe ao céu, envia o Espírito e permanece conosco na Eucaristia. Essas festas nos recordam que somos chamados a viver como Igreja viva, conduzida pelo Espírito e alimentada pelo Corpo de Cristo, testemunhando o Evangelho até os confins da Terra. Que cada celebração seja para nós um novo Pentecostes, uma nova Eucaristia, uma nova missão.

 

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