26/04/2025 às 17h02min - Atualizada em 26/04/2025 às 17h02min

A vida venceu a morte e o amor venceu o ódio

Pe Clésio Alves Vieira

Pe Clésio Alves Vieira

Pároco da Paróquia Nossa Senhora do Rosário em Quatis

Durante a Quaresma, percorremos um caminho austero que nos levou ao silêncio profundo do Sábado Santo. Neste intervalo, fizemos memória dos últimos momentos da vida de Jesus na terra. E o momento culminante aconteceu na rejeição à Jesus por parte de autoridades, inclusive religiosas, e de parte do povo. 

 

Na sexta-feira Santa, fizemos memória da sua prisão, julgamento, tortura e condenação à morte. Mas, eis que na manhã de domingo, rompe-se a aurora do primeiro dia da nova criação: a pedra foi removida. O túmulo está vazio. A morte foi vencida. A vida ressurgiu. Este é o dia em que o Senhor agiu: exultemos e alegremo-nos nele! (cf. Sl 117,24). 

 

A ressurreição de Jesus Cristo não é apenas um consolo espiritual ou um símbolo de superação: é o fato decisivo da fé cristã. São Paulo o afirmou com firmeza: “Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé” (1Cor 15,14). Se não tivesse acontecido a ressurreição de Jesus, o cristianismo se reduziria a um código moral ou a uma filosofia entre tantas. Com a ressurreição, porém, sabemos que Deus venceu a morte e nos abriu um caminho de vida eterna. 

 

Longe de ser simplesmente uma festa de coelhos e chocolates, a páscoa é uma data ou uma festa que se tornou o coração pulsante da Igreja. É a fonte de onde brota todo o restante da vida cristã: o batismo, a Eucaristia, a missão, a esperança. Celebrar a Páscoa é renovar o compromisso com a verdade da vida que se entrega por amor, com a certeza de que nenhuma dor é definitiva, nenhum mal é eterno, nenhum sepulcro é inviolável para Deus. 

 

O Evangelho de João nos apresenta Maria Madalena indo ao sepulcro de Jesus na madruga de domingo (cf. Jo 20,1). Entretanto, depara com a pedra colocada no túmulo, removida. Então, ela inicia um movimento de correria: corre para avisar os discípulos. Pedro e o discípulo amado correm até o túmulo. O discípulo amado vê os lenções e acredita.Pouco a pouco, o Senhor ressuscitado se revela aos seus, não com espetáculos de poder, mas com a delicadeza do reencontro, o gesto da partilha, a palavra que chama pelo nome. 

 

O ressuscitado deixa o caminho aberto para um encontro nosso com Ele: no partir do pão, no perdão oferecido, na fé comunitária, na caridade vivida. Ele transforma nossa tristeza em alegria, nosso medo em coragem, nossa dúvida em missão. A ressurreição é o sopro novo que renova a esperança dos cansados, que ilumina os caminhos escurecidos pela dor e que sustenta os que anunciam o Evangelho em meio aos desafios do mundo. 

 

Neste tempo da Páscoa, o Senhor nos convida a viver como ressuscitados e isto significa cultivar a alegria, ser agentes de reconciliação, trabalhar pela paz, testemunhar o amor de Deus. Em um mundo tão marcado por conflitos, divisões e desesperança, os cristãos devem ser sinais visíveis da vida nova que brota da cruz. Sem dúvida, a vida venceu a morte e o amor venceu o ódio.

 

Na segunda-feira, dia 21 de abril, após o domingo de Páscoa, o Papa Francisco também fez sua Páscoa. Ele deixou o mundo que ele tanto amou através das suas palavras e dos seus escritos. E ele nos deixou uma missão, que faz parte deste tempo Pascal: devemos anunciar o Boa Nova do Evangelho, especialmente com um testemunho de vida através do amor aos pobres, aos sofredores, aos discriminados, aos esquecidos nas periferias deste mundo injusto, na defesa do meio ambiente tão ameaçado pela degradação. Fomos convidados pelo Papa a manifestar nossa alegria e nossa esperança em um mundo novo onde a natureza e o ser humano vivam em harmonia e produzam sinais de ressurreição.

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