Neste ano que estamos iniciando, celebramos 2025 anos do nascimento de Jesus. E o Papa Francisco, convoca toda a Igreja para celebrar o novo jubileu que acontece de 25 em 25 anos. Este ano,vamoscelebrar este jubileu com o tema: “Peregrinos de esperança” e com o lema “a esperança não decepciona” (Rm 5,5).
Esperança é mais do que uma palavra, é uma razão de viver. Há um ditado popular que diz: “a esperança é a última que morre”. Mas, vamos falar de esperança em um mundoinfestado de crise: guerras violentas, desequilíbrio climático, ebulição política, além dos velhos e conhecidos problemas como a fome, a migração, a violência urbana, a extrema pobreza, etc. Fica muito desafiador falar de esperança em um mundo assim.
Esperança em sentido concreto é o “ato de esperar aquilo que se deseja. Expectativa na aquisição de um bem que se deseja”. É a segunda das três virtudes teologais, simbolizada por uma âncora ou pela cor verde” (Michaelis). Numa perspectiva subjetiva, esperança é entendida como “sentimento de quem vê como possível a realização daquilo que deseja; confiança em coisa boa; aquilo ou aquele de que se espera algo, em que se deposita a expectativa” (Houaiss).
Esperança: eis um desejo cantado em verso e em prosa. A grande cantora Elis Regina, cantava com sua voz inconfundível e afinadíssima: “A esperança dança/ Na corda bamba de sombrinha/ (…) A esperança equilibrista/ Sabe que o show de todo artista/ Tem que continuar” (O bêbado e o equilibrista, Aldir Blanc/ João Bosco). Trata-se de um tema que descortina o horizonte: “Amanhã/ Está toda a esperança/ Por menor que pareça/ Existe e é pra vicejar” (Amanhã, Guilherme Arantes). E se faz persistente: “Quando não houver esperança/ Quando não restar nem ilusão/ Ainda há de haver esperança/ Em cada um de nós” (Enquanto houver sol, Titãs).
Mesmo não mencionando a palavra esperança, Chico Buarque cantava:“Apesar de você/ Amanhã há de ser/ Outro dia” (Apesar de você). Também foi cantada a dinamicidade da esperança: “Sei que nada será como está/ Amanhã ou depois de amanhã/ Resistindo na boca da noite um gosto de Sol” (Nada será como antes, Milton Nascimento/ Ronaldo Bastos).
O grande mestre Paulo Freire, mais do que esperança, falou de esperançar: “É preciso ter esperança, mas esperança do verbo esperançar; porque tem gente que tem esperança do verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo” (Pedagogia da esperança, 1992, p. 110-111).
O Papa Francisco, no primeiro documento do seu pontificado nos alertava: “Não deixemos que nos roubem a esperança!” (EG, 86). Para o Papa, esperança “é a mais humilde das três virtudes teologais, porque fica escondida. A esperança é um risco, uma virtude, não é uma ilusão” (Meditação, 29/10/2015). “É uma virtude que nunca decepciona: se nela esperares, nunca serás desiludido”; é uma virtude concreta, “de todos os dias porque é um encontro com Jesus Cristo” (Meditação, 23/10/2018).Em vários momentos o Papa volta ao tema.
Olho para o futuro, e vejo esperança. Há muita gente com esperança e trabalhando para que haja um futuro melhor para todos. Vislumbro na criançada sinais de esperança e de alegria. E nós, mais velhos, precisamos nos alinhar a elas na concretização de um amanhã melhor. Tenho muitas razões para ter esperança, mesmo em um ano que apresenta um horizonte com nuvens carregadas. Afinal, tudo pode mudar com rapidez. Por questão de fé, lembro que é Deus quem tem a última palavra e não o ser humano. Por isso, minha esperança continua intacta e vai continuar assim até o fim dos meus dias. Porque minha esperança transcende a nossa realidade, fundamentada nas palavras de Jesus :«Eu sou a ressurreição e a vida. Quem acredita em mim, mesmo que morra, viverá e todo aquele que vive e acredita em mim, não morrerá para sempre (Jo 11,25-26).
Assim, quero desejar a você um ano de esperança. De construções e transformações para que este mundo seja um lugar melhor para se viver.