24/04/2025 às 09h40min - Atualizada em 24/04/2025 às 09h40min

Governo americano anuncia que corantes artificiais em alimentos serão proibidos nos EUA

Comida ou química? A infância está pagando a conta.

Roberta Ghetti

Roberta Ghetti

Nutricionista Especialista em Nutrição Materno-Infantil

Não dá mais pra ignorar: o que colocamos no prato das crianças está diretamente ligado ao comportamento, à saúde física e até ao desenvolvimento emocional delas. E quando a FDA — agência reguladora dos EUA — anuncia que vai proibir todos os corantes artificiais até o fim de 2026, a gente precisa prestar atenção.

 

Não é exagero. São oito corantes sintéticos, todos derivados do petróleo, amplamente usados em doces, sucos, bolachas, cereais — tudo com cara “infantil”, colorido e alegre. Mas por trás desse visual divertido, há substâncias associadas a problemas sérios: hiperatividade, resistência à insulina, inflamação crônica e até câncer.

 

E não se engane: esses aditivos não servem para nutrir, só para atrair. Eles colorem a comida — e mascaram o que ela realmente é.

 

Como nutricionista, vejo diariamente crianças sendo medicadas para tratar sintomas que, muitas vezes, são reflexo do que estão comendo. Quando os ultraprocessados saem de cena, surgem mudanças reais: o sono regula, a irritação diminui, o apetite se organiza. É o corpo funcionando sem sabotagem.

 

E aí está o ponto: não é “milagre”, é fisiologia. É o organismo agradecendo por não ter que lidar com substâncias que nunca deveriam ter feito parte da rotina alimentar.

 

É por isso que insisto: leiam os rótulos.

A informação mais importante de um alimento não está na frente da embalagem, mas na lista de ingredientes. Se você não reconhece o nome, talvez o seu corpo também não devesse reconhecê-lo.

 

Cuidado com os ultraprocessados. Eles não são comida — são produtos formulados para gerar consumo contínuo. A indústria não está preocupada com a saúde das nossas crianças. Ela quer consumidores fiéis, desde cedo.

 

Por isso, a escolha está, sim, nas nossas mãos.

Como pais, como profissionais, como educadores.

 

Vamos trocar o arco-íris químico pela cor da beterraba, do mamão, do brócolis. Vamos devolver à infância o sabor da fruta e o cheiro da comida feita em casa.

 

Porque saúde não vem de laboratório. Vem da feira, da panela e do carinho com que a gente cuida.

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