Nos últimos anos, falar sobre o envelhecimento cerebral e a saúde mental tem se tornado mais urgente e, felizmente, mais comum. Vivemos mais, sim, mas como garantir que esses anos extras sejam plenos e cheios de significado? Essa questão não é apenas teórica; é um desafio que toca o coração de cada um de nós e a realidade de muitas famílias. Como médico, tenho a honra de caminhar ao lado de pacientes que, com suas histórias e sabedoria, me mostram que envelhecer é, antes de tudo, uma oportunidade de se redescobrir.
Acompanhar esses pacientes de perto me ensinou que cuidar da mente na terceira idade é muito mais do que tratar sintomas. Envolve acolher o que vem com a idade: o peso das memórias, os laços de amizade, as saudades, e, muitas vezes, o silêncio que a vida deixa ao redor. Em cada consulta, percebo que o grande desafio é oferecer uma abordagem que realmente faça sentido, que respeite essa fase tão rica e complexa.
Estudos nos mostram, por exemplo, que a solidão é como uma sombra: sorrateira, ela se instala e traz consigo o risco de depressão e até de doenças como a demência. Ao cultivar laços com amigos, com a família, o idoso encontra não só companhia, mas um sentido de pertencimento e de propósito. São essas conexões que mantêm a chama da vida acesa, e é a partir delas que o envelhecimento se torna mais leve, mais humano.
Além disso, cuidar do corpo e da mente de forma integrada é essencial. Manter-se mentalmente ativo — seja com um livro, uma conversa ou uma nova habilidade — protege o cérebro e dá aquele toque de vitalidade que não tem idade. E, claro, a alimentação, o sono e o cuidado com doenças crônicas são fundamentais para preservar essa energia mental e física.
Por fim, gosto de pensar na terceira idade como uma fase de contemplação e crescimento interior, algo que os especialistas chamam de “gerotranscendência.” Envelhecer, nesse sentido, não é uma perda; é uma transição para uma vida com mais serenidade e sabedoria. É um período de redescoberta, onde o idoso encontra novas formas de ver a si mesmo e o mundo.
Ao longo desta coluna, convido você a explorar comigo esse labirinto tão complexo e fascinante que é a mente humana. Vamos juntos refletir, aprender e valorizar essa jornada única e profunda que todos, em algum momento, somos convidados a percorrer. Afinal, o que descobrimos ao longo do caminho nos ajuda a encontrar a verdadeira plenitude no presente.