Ah, o cigarro eletrônico. O vape. A modernidade em forma de nuvem aromatizada. Parece tão descolado, tão tecnológico, que às vezes eu me pergunto: será que quem inventou isso pensou em criar uma versão 2.0 do pulmão humano também? Porque, do jeito que as coisas vão, vai faltar peça de reposição.
Pra começar, vamos combinar: vender o vape como uma alternativa “saudável” ao cigarro tradicional é como dizer que trocar um caminhão desgovernado por um carro sem freio é mais seguro. Não bate. Você não está escapando do perigo, só mudou o formato do problema. Agora, ele vem com um gostinho de morango, manga ou sei lá mais o quê. Porque, afinal, se é pra destruir o pulmão, que seja com aroma de sobremesa, né?
E, claro, tem sempre aquele amiguinho sem noção no trabalho que acha que vape é invisível. Todo mundo tem um desses: você está no meio de uma reunião, tentando focar na apresentação ou resolver um problema importante, e, do nada, surge uma nuvem com cheiro de chiclete. Você olha pro lado e lá está ele, com cara de quem acha que está no palco de um show, soltando fumaça como se fosse o dragão da firma. Parabéns, amigo, a única coisa que você inovou foi a forma de ser inconveniente.
E por falar em ironia, olha o último plot twist: uma deputada na Polônia foi flagrada vapeando durante uma sessão sobre… (pasmem!) reforma na saúde! Reforma na saúde, enquanto ela fazia seu pulmão virar um experimento com gosto de hortelã. É como se o bombeiro chegasse pra apagar um incêndio jogando gasolina. Ou como se o nutricionista fosse pego comendo um combo gigante de fast-food no meio da consulta. O exemplo vem de cima, mas, nesse caso, parece que subiu com a fumaça.
E não, não se engane com o papo de que “é só vapor de água”. Se fosse só vapor, as empresas não estariam ganhando bilhões enquanto seus pulmões viram experimentos químicos ambulantes. A verdade é que o cigarro eletrônico é uma fábrica portátil de nicotina e outras substâncias que nem o seu próprio médico consegue pronunciar. Tá cheio de adolescente achando que isso é inofensivo, como se aquela nuvem gigante que parece um efeito especial de filme de super-herói fosse coisa saudável.
Ah, mas o vape tem outro charme: ele é cool. Ele não fede como o cigarro normal. É discreto, moderno, combina com a estética do Instagram. Aí você olha pra pessoa soltando fumaça com cara de influencer e pensa: “Uau, que estiloso!”. Só que não. Não tem nada de estiloso em transformar seus pulmões numa sauna tóxica.
E quer saber o mais irônico? Muitos dos defensores do vape dizem que ele é uma “ferramenta para parar de fumar”. Ok. Então, me explica por que tem gente que nunca encostou num cigarro na vida agora andando por aí com um vape na mão? Parece que a moda criou um novo tipo de vício pra quem nem sabia que precisava de um. E aí, claro, a indústria agradece.
No Brasil, o uso e a venda de cigarros eletrônicos são proibidos. Mas, como toda boa proibição, ela é amplamente ignorada. O vape virou febre, principalmente entre os jovens, que provavelmente pensam que “ilegal” significa “mais divertido”. E enquanto isso, os hospitais começam a receber cada vez mais casos de problemas respiratórios graves ligados ao uso de cigarros eletrônicos. Só falta a galera perguntar se dá pra tratar com aroma de menta.
A realidade é simples: o vape não é um avanço, é um retrocesso mascarado de modernidade. É um cigarro com Wi-Fi. Uma maneira mais tecnológica de abrir as portas para doenças que já conhecemos bem. Então, da próxima vez que você pensar que está “inovando” ao usar um vape, lembre-se: inovar é preservar sua saúde, não transformar seu corpo em cobaia.
E por favor, se ainda assim você decidir continuar soltando fumaça, só me prometa uma coisa: quando sua saúde der um game over, não me apareça na consulta perguntando se dá pra fazer um upgrade nos pulmões.